Essa foi uma das perguntas feitas ao final da apresentação que dei no Festival Path nesse último sábado.
Como eu falo sobre o tema, sou geralmente tomada como referência sobre o que é ter uma marca pessoal relevante. Provavelmente, muitos então associarão o tema a ser alguém comunicativo, que está sempre nos palcos, com grande personalidade e aberto com relação à sua vida pessoal no mundo online. O que não é necessariamente o caminho a ser seguido.
Voltando às definições de marca, eu gosto de mencionar dois pontos: a marca é uma promessa entregue consistentemente ao outro (seu público alvo) e a marca é um atalho de tomada de decisão para determinada necessidade ou desejo.
Entregar uma promessa de forma consistente e ser a opção certa para o que você tem a entregar de valor, não envolve necessariamente uma personalidade expansiva.
Mas e se eu quero ser memorável? Como faço?
A memorabilidade surge mais pela maneira como você fez o outro se sentir e menos com a imposição da sua personalidade em uma interação. Em conversas de networking, por exemplo, pode ser que você se lembre mais da atenção dedicada e da paz de espírito que uma pessoa te trouxe em uma conversa do que aquele que fez uma festa ao te encontrar e foi enfático em suas considerações.
A memorabilidade é consequencia, ainda, da interação com aquilo ou com alguém que é autêntico e que, provavelmente, será atrativo aos olhos do outro. Por mais tímido, estranho ou introspectivo que ele seja. A atratividade vem de dentro, daquilo que é naturalmente seu e é reforçada com a aceitação interna de expor isso ao mundo.
O objetivo da gestão de marca pessoal não é você ser palestrante ou famoso. Ser estratégico e ter consciência na gestão dela significa você facilitar a escolha por você, de maneira mais orgânica e inquestionável, por aquilo que você tem de melhor a oferecer de valor.
É você aumentar a percepção de valor da sua marca pessoal (não necessariamente para todos, mas sim pelo outro que tem importância nessa decisão por você), o que te dará mais autonomia e mais liberdade de ser ainda mais autêntico e atuar da forma como desejar.
Comunicar é apenas a etapa final de um processo de Personal Branding. Antes disso, é preciso trazer à tona e fortalecer aquilo que é único: o misto da nossa identidade, experiência, personalidade, conhecimento e história de vida. E então, entender qual o seu posicionamento no mercado e assumir qual promessa você faz ao outro.
A comunicação é “apenas” a verbalização dessa promessa para fora. E é importante por dois pontos principais: as pessoas precisam ter acesso ao que você tem de valor para as ajudarem a serem melhores e, segundo, pois ao verbalizar a sua promessa, as expectativas e cobranças aumentam, o que o pressiona a ser ainda melhor nas entregas (marcas fortes prometem e entregam essa promessa consistentemente).
Você não tem uma personalidade forte e não é quem chama mais a atenção ao entrar em um ambiente?
Isso não é um problema.
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A marca Roger Federer
É um exemplo de uma marca pessoal forte (e bem valorizada) e com uma personalidade não expansiva.
O grande jogador de tênis tem o valor de sua marca avaliada em 26 milhões de dólares. É patrocinado por empresas como Rolex, Nike e Mercedes Benz.
(Fonte: Roger Federer website)
Roger possui as duas características de uma marca pessoal relevante:
Autoridade e Atratividade.
A autoridade nesse caso nem precisa ser mencionada: é inquestionável. A excelência em suas habilidades no tênis e seus resultados falam por si só.
E a atratividade existe por ele ser exatamente quem é. Dentro e fora das quadras. Na frente ou por trás das câmeras. Sem grandes alardes, sem envolvimento em polêmicas, sem impor uma voz alta.
A experiência em interagir com a marca Federer é sólida e consistente. Ele é considerado adorável por todos, por sua calma e positividade. Ele é consistente em sua personalidade, suas boas maneiras, humildade e respeito ao outro.
A atratividade não é sinônimo de ser chamar a atenção para si ou estar nos palcos a todo momento. A exposição exagerada ou a visibilidade a todo custo pode nos levar a outra direção inclusive, a da desvalorização. No caso de Federer, existe um ar de clean, de leve, sólido e de premium em torno de sua marca, o que é valorizado pelas empresas que o patrocinam.
A atratividade vem da valorização do que vem de dentro e de você vestir a camisa de quem você é, com orgulho. Feito mesmo que sem alardes, humildemente.
Para ter uma marca pessoal forte, é preciso a combinação desses dois pontos: Autoridade e atratividade. Um sem o outro não trará o mesmo resultado.
Àqueles mais introspectivos, valorize o fato de você ser assim e explore essas características. Personal Branding não é ter você como o centro de tudo e, sim, o outro. É fazer o outro brilhar pela excelência naquilo que você tem a oferecer: seja para o seu cliente, seu chefe ou seu expectador. É fazer o outro ter a melhor experiência ao interagir com a promessa da sua marca. E isso eu tenho certeza de que você sabe oferecer.