Tenho múltiplos interesses/atividades, como posicionar a minha marca pessoal?

julho 2, 2018

É provável que cada vez mais tenhamos diferentes atividades como carreira, se não ao mesmo tempo, provavelmente em um curto espaço de tempo.

Isso acontecerá por diversos fatores, como pela maior instabilidade do mercado (que se reinventa e inova com maior frequência), pela nossa busca em explorar nosso potencial e paixões e pela consolidação da gig economy (ou economia sob demanda), ecossistema que compreende, de um lado, trabalhadores temporários e sem vínculo empregatício (freelancers, autônomos) e, de outro, empresas contratantes.

Sendo assim é comum que muitos possam se sentir um Frankenstein quando precisam se apresentar ou se definir em uma simples sentença.

“Ah, eu faço de tudo um pouco” pode ser a saída mais fácil, ao mesmo tempo que muitas vezes não a mais digna.

Há um ar de desapego e descompromisso para quem escuta tal resposta.

Em nossas mentes, algo nos alerta: quem faz de tudo um pouco não é a melhor escolha ou por ter muitas distrações ou por não ser excelente em nenhuma delas.

É preciso facilitar a vida de quem nos escuta e criar um atalho em suas memórias sobre o porquê poderão nos procurar ou nos referenciar às suas redes. E para isso é preciso uma linha única de raciocínio, simples o suficiente para engajar e não confundir o outro.

Ou então, é preciso estratégia na escolha do momento certo para a oferta da atividade certa.

Alguns exemplos de contextos de clientes para ilustrar melhor:

 

  • Luciana é médica e empreendedora e está à frente de uma startup de serviços no contexto da economia compartilhada. As duas atividades atendem públicos diferentes. Uma está bem consolidada e é parte da sua rotina no seu dia a dia e a outra é recente e faz parte dos seus desejos em ser bem sucedida em um futuro próximo.
  • Mariana trabalha em uma agência como designer, mas também atua como freelancer na mesma função, além de ser pós graduada em marketing e apaixonada por fotografia. Ela vive trocando de chapéus e oferecendo diferentes serviços em diferentes contextos. Mas nunca sabe quando deve oferecer o que.
  • Marcos quer se formar fisioterapeuta e atuar com instrutor de yoga. No momento, tem trabalhado como professor de matemática, ajudado alguns amigos a fazer algumas vendas e chega até a desenvolver sites, pois é autodidata e precisou em algum momento desenvolver o seu próprio
  • Camila também é médica, mas tem uma paixão na qual gostaria de se dedicar senão todo o seu tempo, pelo menos boa parte dele algum dia. As duas atividades: medicina e mercado de investimentos não se alinham e ela precisa saber como se comunicar.
  • Junior é empreendedor e tem diferentes empresas em diferentes ramos. Ele comunica de tudo um pouco sobre as três empresas. Não sabe se é a melhor abordagem.

 

Qual a sua visão?

Esses 5 exemplos ilustram diferentes desejos e realidades:

  • Luciana não pretende deixar a carreira de medicina, mas quer ser uma empreendedora bem sucedida.
  • Mariana quer continuar com todas as atividades, pois elas a tornam mais completa.
  • Marcos já tem um objetivo claro, é obstinado com a possibilidade de trabalhar com o yoga, mas entende que é preciso se habilitar antes e pagar as contas também.
  • Camila está aberta a fazer uma transição de carreira ao longo dos anos, trabalhando de forma remota apenas com o mercado de investimentos.
  • E Junior pretende tocar todas as empresas para que elas tenham sucesso. E caso surja alguma oportunidade de mais algum investimento, está sempre atento.

Assim como fiz nessa avaliação, o primeiro passo é entender qual a sua visão.

Devemos nos posicionar e comunicar olhando para frente, com o foco em atrair o que queremos atrair como oportunidades. Sendo assim, é preciso avaliar: pelo que eu quero ser lembrado e procurado? Se amanhã 200 pessoas baterem à minha porta, pelo que eu tenho a oferecer, pelo que eu gostaria que fosse?

Essa resposta já pode te dar um direcionamento e foco.

É comum que alguns deixem de se posicionar por insegurança de que existe demanda para o trabalho que se propõe a fazer, por isso continuam dizendo sim a várias propostas.

Entretanto, ao questionar o seu desejo, fica claro qual seria a escolha da atividade ideal. Se for esse o caso, a construção de um posicionamento e a comunicação deve ser voltada para a oferta e o conhecimento referente à atividade dos sonhos. Assim as oportunidades começarão a surgir com maior frequência (por curiosidade, essa foi a minha estratégia – até eu me dedicar 100% ao Personal Branding e fazer a transição do ambiente de inovação, eu foquei em atrair oportunidade para o meu próximo passo, até que a demanda foi grande o suficiente para fazer uma transição).

 

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Duas atividades, um só desejo

No caso da Camila, o investimento na sua comunicação online tem sido o mercado de investimentos.

Enquanto no ambiente offline, a sua atividade permanece como médica. Apesar de que no dia a dia, em alguns momentos de distração com os colegas de trabalho, ela encontra maneiras de conversar sobre a sua paixão pela nova proposta de atividade, na qual se dedica aos finais de semana.

Nesse caso, mesmo sendo multi, ela se organiza quanto aos ambientes offline e online para que apenas um conceito fique na mente do seu potencial público. Para os seus pacientes, ela é médica. Para o ambiente online ela é uma educadora financeira.

No caso de Camila, ela já é bem estabelecida na profissão como médica e não tem como objetivo ter maior reconhecimento na área e, sim, idealmente fazer uma transição.

 

Duas atividades, uma só missão

No caso de Luciana, o mesmo não se aplica. Ela ainda está em início de carreira e tem muito o que conquistar ainda como médica. Entretanto, como empreendedora de sua startup encontrou uma paixão paralela e complementar ao que faz, além de ser uma grande oportunidade de mercado. Nesse caso, quer se posicionar nas duas atividades, mas ambas atendem públicos distintos.

A pergunta que nos ajudou a trazer um conceito em mente foi: por que você faz o que você faz?

Nesse caso, existe uma linha invisível que conecta as atividades: a sua obsessão em fazer com que a experiência do paciente seja a melhor possível. Ela acredita que o poder do todo pode mudar o coletivo e por isso tem feito a sua parte em criar essa rede positiva.

No caso do posicionamento de Luciana, o foco não é comunicar que ela é médica ou que é empreendedora (ou mesmo médica empreendedora). Afinal, como essa informação me ajuda a ajudá-la?

O conceito final sob o qual a comunicação será trabalhada será a melhoria da experiência do paciente. Que, por um acaso, é o que ela entrega bem seja como médica ou pelo serviço proposto pela sua startup. Ou seja, pensei nesse tema, a Luciana é a pessoa a ser procurada (go-to person).

 

Multi habilidades, um só público

Mariana não tinha visto qual o ponto em comum em suas atividades e sofria em ter que trocar chapéus a todo momento. Em nossas conversas, entendemos que ela gostava de trabalhar com pequenos empreendedores ajudando-os a colocar seus negócios em outro patamar por meio de uma identidade visual digna da beleza do seu negócio.

Apesar de trabalhar em uma agência, ela vem de uma família de empreendedores e já se prepara financeiramente para se tornar uma, pela segunda vez.

Ela entendeu que por meio do design, fotografia e habilidades em marketing ela poderia ser a profissional criativa completa daquele pequeno negócio e, em vez de se posicionar mencionando suas habilidades distintas, ela focou no problema e no benefício entregue: proporcionar uma nova cara (novas fotos, nova logo, novo site…) ao pequeno negócio para que ele tenha ainda mais sucesso. No caso de Mariana, o ponto em comum do seu posicionamento foi o foco em apenas um público alvo e entrega específicos.

 

Multi habilidades, uma só visão

Marcos também tem os seus chapéus, mas não pelo mesmo motivo da Mariana.

Suas atividades também atendem públicos diferentes, mas fazem parte da sua rotina por necessidade, não paixão.

Sendo assim, ele tem canais diferentes em que atende e comunica para cada um dos seus públicos de maneira direta.

Não há confusão. Para cada público ele sabe exatamente o que o interessa e o porquê ele é a pessoa certa para atendê-lo. Mantém canais separados, pois entende que são atividades paralelas temporárias e que não comunicam entre si. Até o momento em que conseguir migrar para a sua atividade ideal, assim permanecerá.

Quando perguntam o que ele faz? Ele avalia o que faz mais sentido falar para aquele contexto. Ou mesmo fala do ponto comum que é a sua busca: estou me desenvolvendo para ser um treinador e para isso faço algumas atividades paralelas nas quais tenho habilidade e as desenvolvi de maneira autodidata.

 

Muitas empresas, uma só abordagem

No caso de Junior, ele se comunica como um empreendedor e compartilha tudo sobre os seus três negócios em áreas diferentes. No caso dele, é a sua própria forma de abordagem e história que traz uma linha de raciocínio única: É preciso pensar grande e agir, independente dos recursos disponíveis. E a sua história de vida que o fez chegar aonde chegou e a pensar dessa maneira complementa esse conceito.

No caso dele, suas empresas tem canais de marketing distintos que atendem públicos distintos. Não cabe a ele ser esse canal direto. Ele é quem atrairá oportunidades por ser quem ele é: empreendedor e por ser visionário (e claro, por ajudar outras pessoas a atingirem esse mesmo patamar). Sob qual CNPJ ele fechará essa oportunidade que chegar, pouco interessa. Na minha mente, quando em pensar em negócios de sucesso. em visão de empreendedor ou mesmo em um investidor para um potencial negócio, eu vou lembrar dele (nesse caso, ele permanece ligado às empresas, mas não é o principal responsável pelos novos negócios. Se fosse esse o caso, o foco da comunicação provavelmente seria em expertises específicas dele com a indústria para posicioná-lo como autoridade, se fosse esse o caso). 

 

Somos todos multi

Todos nós somos multi. Mas é preciso ter foco para ser bem sucedido em um primeiro passo e dominar o espaço na mente do outro pelo que você oferece.

Lembre-se: Apenas UM CONCEITO deve ficar na mente do outro. Não temos espaço ou atenção suficiente para mais.

É preciso cuidado para não confundir e não diminuir a sua percepção de valor ao tentar ser tudo ao mesmo tempo.

Muitos esquecem que para chegar ao próximo passo, mais amplo, é preciso dar o primeiro.

“Eu quero ter três negócios”, mas o que você está fazendo para ser bem sucedido no primeiro? “Eu quero ser várias coisas”, mas qual delas poderá te dar o maior retorno para que talvez invista nas outras?

Mirando o futuro, muitas vezes nos perdemos no hoje. É preciso assumir um compromisso de nos posicionar, atrair o que queremos atrair, ser bem sucedido e, então, ir em frente ou mudar com um novo desafio.

Seja estratégico.

 

PS: Se você ainda tem como foco aprender, não se importe em ser tudo ao mesmo tempo e se permita ser um multi tarefas ou mesmo um quebra galho para várias coisas. Ser multidisciplinar nos amplia a visão e ser “pau para toda obra” nos abre muitas oportunidades e opções de escolhas, até o momento em que tomarmos uma decisão. Mas se dê um limite de tempo, pois com a infinidade de opções, se não assumirmos um compromisso, poderemos ficar como eternos estudantes e aprendizes.

PS2: O profissional pivot (aquele que se encaixa em diversas posições) tem sido cada vez mais requisitado no meio da inovação. Mas mesmo para isso, um único conceito tem que permanecer na mente do outro para que você seja a escolha certa para o outro.

 

Sobre Juliana Saldanha

Sou Estrategista em Personal Branding.
Tenho como missão te ajudar a posicionar-se no mercado e comunicar o seu valor de forma relevante e memorável.

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Sobre Juliana Saldanha
Olá! Eu sou a Juliana e Juliana Saldanhasou Estrategista em Personal Branding. Tenho como missão te ajudar a posicionar-se no mercado e comunicar o seu valor de forma relevante e memorável. Leia mais sobre mim.

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