De Quem Precisamos Mais: do Generalista ou do Especialista?

julho 9, 2018

Essa pergunta me assombrou durante muito tempo.

Afinal, durante alguns anos que antecedem nossa vida adulta, temos que fazer escolhas que se resumem a uma grande e única profissão e, de preferência, seguida por uma especialização.

Como consequência, após essa escolha, seremos então bem sucedidos e procurados por essa especialidade nos muitos anos que vem a seguir.

 

No Meio Da Inovação

Entretanto, alguns anos atrás eu deixei de seguir uma carreira tradicional e caí no mundo de inovação, designada a criar projetos e novos negócios do zero.

Ali minha especialização não era tão valorizada. Era preciso ser multitarefas e multidisciplinar. Aliás, multidisciplinaridade é um aspecto muito valorizado no meio de inovação, pelo simples fato de que a inovação frequentemente surge da conexão de pontos de diversos conhecimentos.

Além disso, no início de qualquer negócio os fundadores devem ser e fazer de tudo um pouco. Não existem carreiras ou tarefas separadas e totalmente definidas para cada um. É necessário descobrir, testar, errar e FAZER.

Para quem vem de um meio em que especializações e diplomas são mais valorizados e é a resposta para uma carreira bem sucedida, a adaptação para a mentalidade de que você pode aprender e ser tudo o que quiser, é quase um choque cultural.

Entretanto, eu que sempre gostei de projetos e tive múltiplos interesses, essa nova lógica fazia muito mais sentido.

 

Qual Deles É Mais Valorizado?

As empresas mais novas ou de tecnologia tem valorizado para muitas de suas funções o colaborador pivot, ou seja, aquele que é flexível e que se conecta e pode agregar em diversas posições. Para aqueles em início de carreira ou para aqueles que almejam ser empreendedores, essa abordagem pode dar mais jogo de cintura e amplitude de visão em um mercado que muda cada vez mais rápido.

Eu poderia ser tendenciosa a dizer que ser generalista e conflitar múltiplas ideias é a melhor opção, além de ser o que o mundo atual precisa. Ideias que divergem, cabeças abertas e múltiplas habilidades.

Entretanto, eu conheci o outro lado da moeda: o de ser convergente em uma única linha de raciocínio. O de ser focado e especialista.

E entendi que o mercado tende a valorizá-lo também, cada vez mais, pelo simples fato de que em um mundo com tantas opções queremos ser assertivos com nossas escolhas. E os especialistas tendem a ser a opção mais segura e, por vezes, necessária pela profundidade de conhecimento.

Além disso, em um mundo raso em que muitos sabem o superficial de muitos assuntos, aquele que sabe muito sobre poucos, pode sair da curva e se destacar ao compartilhar o seu conhecimento a todos. Nessa jornada, observei também a valorização do FOCO, da CONSISTÊNCIA e da SIMPLIFICAÇÃO na convergência de ideias e conceitos em um mundo tão disperso e divergente.

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Eu Sou A Melhor Escolha Pra Você

A gestão de marca pessoal tem como objetivo facilitar a escolha por você por aquilo que você deseja e tem a oferecer.

Para isso, mesmo que sejamos seres complexos e multi habilidades (sim, todos nós somos) é preciso ser estratégico e se posicionar para não cair na tentação de ser tudo para todo mundo ao mesmo tempo.

Pois dessa forma nos tornamos menos relevantes e nos conectamos de maneira menos profunda com o outro. Com a diversidade de opções, nos tornamos mais seletivos e queremos nos conectar àquilo ou àqueles que fazem mais sentido. E o meio termo ou o generalista pode não se conectar de maneira significativa a ninguém.

Por isso, o posicionamento de marca pessoal é tão importante nesse trabalho. É preciso entender que somos a melhor escolha para determinado contexto e para determinado público alvo.

E precisamos facilitar a escolha por nós. Em um mundo com tantas distrações para facilitar essa escolha é preciso colocar um ÚNICO CONCEITO na mente do outro que queremos atrair para que este possa se fixar e ser disseminado com maior facilidade.

Leia também: Tenho múltiplos interesses/atividades, como posicionar a minha marca pessoal? 

 

Isso quer dizer que eu preciso ser especialista, fazer apenas uma única coisa?

Não.

O posicionamento tem menos a ver com quem você é e o que você faz e mais a ver com o que você coloca na mente do outro referente a você.

É preciso ter foco e estratégia ao comunicar a sua mensagem para atrair quem você quer atrair e deixar claro: “Ei, eu sou sim a melhor escolha pra você, fica tranquilo”. Independente se você é especialista ou generalista.

O posicionamento no Personal Branding tem como objetivo convergir, mas ele vai além do que convergir apenas na especialização de uma profissão ou de um público alvo.

A convergência acontece ao ser estratégico de não ser visto pelo outro como um quebra galho, que faz de tudo um pouco, mas nada bem feito.

Porque todos nós podemos fazer de tudo um pouco, mas na perspectiva do outro, fazemos bem feito exatamente aquilo que ele precise que seja feito.

 

Você é Uma Raposa Ou Um Ouriço?

Eu gosto muito desse ensaio de Berlin e este cruzou o meu caminho recentemente, após eu ter feito essa mesma reflexão aqui e me questionar: de quem o mundo atual precisa mais?

A parábola da raposa e do ouriço surgiu em meados de 1900 em um ensaio popular do filósofo Isaiah Berlin.

Berlin usou a parábola para analisar as visões de mundo e a história de Tolstoi no manuscrito clássico War & Peace. A parábola ressurgiu recentemente, ao ser mencionada em livros atuais relevantes: Good To Great, de Jim Collins e Thinking Fast & Slow de Daniel Kahneman.

Em seu ensaio, Berlin menciona a fala de um poeta grego e a analisa posteriormente.

O poeta chamado Archilochus disse: “a raposa sabe muitas coisas, mas o ouriço sabe uma única grande coisa”.

Berlin então reflete em seu ensaio – o mundo pode ser dividido em duas categorias: o ouriço e a raposa.

O ouriço vê o mundo com a perspectiva de uma única ideia, perseveram em um princípio. Enquanto a raposa se baseia em experiências e acredita que o mundo não pode ser reduzido a uma única ideia. O poder da raposa está em sua flexibilidade e a conexão de várias experiências. É capaz de enxergar complexidade e nuances. Enquanto a do ouriço é o seu foco e assertividade.

 

De Quem Precisamos Mais?

Quem é o melhor? De quem o mundo mais precisa?

Não há resposta. Ou melhor, não há resposta externa e, sim, interna. Cada um sabe o que é melhor para si.

O mundo precisa de raposas e de ouriços. Precisamos da coerência e da ordem, mas também da difusão e da contradição. O conflito, a divergência nos move em frente, assim como a ordem a a conversão nos mantém nesse caminho.

Leonardo da Vinci, Platão, Proust eram raposas. Albert Einstein, Aristóteles e Steve Jobs, ouriços.

O mundo precisa dos dois. Talvez em determinadas épocas ou áreas uma seja mais propícia que a outra, mas a resposta de qual é a “certa” para você, só você sabe (e talvez nem exista essa resposta)

 

Marcas Fortes Polarizam

Mesmo que você seja uma raposa, do ponto de vista de perspectiva, imagem e posicionamento é preciso SOLIDEZ.

É necessário foco, clareza e consistência. Características de qualquer marca sólida e bem sucedida. Pois estas não tentam ser tudo para todo mundo, prometem e cumprem suas promessas de entrega consistentemente.

Exemplo? Você sabe exatamente o que esperar e o que NÃO esperar ao pedir um Starbucks. O mesmo ao comprar (ou ao menos imaginar comprar) uma Ferrari. 

São marcas que tem clareza de suas promessas e de suas entregas. E é essa polarização que as tornam mais sólidas e, por isso, mais relevantes (além de possuírem valor premium)

No que se trata dessa CONVERGÊNCIA de uma promessa, pode ser que ouriços tenham mais facilidade.

Mas o que não quer dizer que as raposas não possam utilizar da mesma estratégia no que diz respeito à sua performance e comunicação, pois assim tem o ideal dos dois mundos: a facilidade em adaptar-se e inovar e o foco em permanecer na mente do seu público como a melhor escolha, além de ter sucesso ao ser consistente em suas ações.

Eu sou uma raposa, debatedora, multidisciplinar, ampla.

Mas entendi que é preciso ser ouriço em algumas estratégias. É preciso convergir para fazer sentido para o outro e para ter sucesso em um mundo com tantas opções e estímulos.

 

E você? É uma raposa ou um ouriço?

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Sobre Juliana Saldanha

Sou Estrategista em Personal Branding.
Tenho como missão te ajudar a posicionar-se no mercado e comunicar o seu valor de forma relevante e memorável.

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2 comentários

  1. Também acredito que os dois perfis são necessários no mercado. E nós mesmos podemos ser especialistas ou generalistas em diferentes fases da nossa vida profissional. E acredito que uma boa equipe precisa dos dois perfis, sendo que o generalista não precisa necessariamente ser um gestor.

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