Fake it until you make it? 3 nomes bem sucedidos que se tornaram sinônimos de fraudes

março 6, 2019

Ju, o que você acha desse influenciador aqui. Você acha que é real? Posso confiar?

Como estou sempre falando sobre marcas pessoais e credibilidade, essa é uma pergunta esperada e que acabei recebendo pelo Instagram semanas atrás.

E – coincidência ou não – foi com esse mesmo influenciador que tive um conflito dias depois.

Motivo? Diferentes visões sobre até que ponto vale a pena causar polêmicas e ser desrespeitoso apenas para ganhar likes.

O que é real no mundo online?

A imagem online é – inquestionavelmente – importante para as nossas vidas profissionais no mundo atual. Afinal, nos acostumamos a tomar decisões ou a checar informações antes no meio online, o que nos economiza tempo e energia.

Idealmente, a imagem online deveria ser a extensão da nossa identidade, de quem somos no mundo offline.

Ao fim, sabemos que há sempre uma projeção. Ali está a nossa melhor versão. Com filtros e com as melhores declarações e palavras.

Ali está a vida que queremos – e que, sim, podemos estar vivenciando ela, mas provavelmente não na versão HD de altíssima qualidade.

Projetar essa imagem é um problema?

Não acho, se tudo que está ali for verdadeiro. De intenções e do que se vive e se experiência na vida offline também.

Não, se não nos tornarmos escravos das redes sociais em vez de construirmos as nossas vidas, empresas e relacionamentos na vida real.

E não, se não houver a partir do uso dessa imagem ou influência, a manipulação de um público com promessas falsas, informações infundadas ou discursos de ódio ou polêmicos.

Quem somos nas redes

Comumente eu me deparo com esses 3 perfis:  

Aqueles que fazem promessas grandes de retornos rápidos, milagrosos, ou exibem estilo de vida desejado por muitos como forma de persuasão para as suas vendas.

Bom, se houver a entrega da promessa, pode não ser a forma mais elegante de promovê-la, mas é super válido. Afinal, precisamos de mais pessoas que entregam benefícios para ajudar mais pessoas.

Existem aqueles que tem muito a oferecer – conhecimento, experiência, boa vontade – que podem expandir a sua influência, mas se sentem envergonhados pela exposição, ou até a abominam, já que aquele modelo de autopromoção que assistem online não fazem o seu estilo.

E acabam se escondendo, criticando aqueles que se expõe, e deixando o meio online, e sua capacidade de alcance exponencial, inexplorado. O que é um desperdício. Porque, novamente, precisamos de mais pessoas que entregam benefícios para ajudar mais pessoas.

Por último, vejo aqueles que estão em busca de serem melhores. De aprenderem. De ganharem mais. De terem exemplos e atalhos para o seu próprio sucesso. E se questionam (ou não, muitas vezes) em quem e no que podem realmente confiar.

Para esse último perfil – que se encaixa a todos nós – o pensamento crítico (e por que não também a intuição) é essencial para fazermos melhores escolhas em um mar de ofertas – bem intencionadas ou enganosas. E que, vamos combinar, às vezes se assemelham bastante.

Fake until you make it

Acompanhamos recentemente grandes promessas, profissionais prodígios e antes tidos como visionários, se tornarem sinônimos de fraudes.

A cultura do “Fake until you make it” ou, “finja até que você consiga o que quer” é bem disseminada entre empreendedores e profissionais ambiciosos.

Não vejo nada de errado na lógica. Mas talvez existam diferentes interpretações para a frase, que não vem com manual de instrução e é largamente disseminada na era das frases motivacionais.

Você visualizar a si mesmo em uma melhor posição, projetar-se em comportamento e em mentalidade que se adequa ao seu “futuro eu”, ou dizer SIM àquilo que você acha que tem a capacidade de entregar, mesmo sem saber como?

Pra mim, essas são atitudes válidas para o crescimento. Jogar-se para frente, mesmo que em imaginação, para que as suas ações o acompanhem e o façam progredir, é importante e pode fazer a diferença entre aqueles que conquistam o que desejam e aqueles que procrastinam o que querem.

Entretanto, existe uma linha tênue. Entre falhar por prometer e não cumprir e falhar por prometer (entregando ou não), mas com falsas alegações.

À partir do momento em que há distorção de fatos, manipulação de dados, declarações ou histórias falsas, a reputação está em risco. E quanto maior a visibilidade ou as movimentações financeiras envolvidas, maiores as chances de que ocorra uma grande crise de reputação para os envolvidos.

As intenções nesses casos, por melhores que sejam, são invalidadas.

A mentira, mais do que o não cumprimento de uma promessa ou do otimismo exagerado, é o grande vilão da reputação de uma marca pessoal.

Pelo simples fato de que a confiança é quebrada. E para escolhermos interagir ou trabalhar com alguém, é preciso confiança.  

De estrelas a fraudes

Acompanhamos alguns casos recentes em todo o mundo.

De “próxima Steve Jobs” à fraude no Vale do Silício, impedida de servir como diretora de qualquer empresa pública por 10 anos e exigida a pagar uma multa de 500 mil dólares.

Elisabeth Holmes (leia mais sobre o caso dela aqui), empreendedora visionária que encantava todos com as suas histórias, animava a todos com a tecnologia da sua empresa e que possuía uma rede invejável de mentores e parceiros, tem agora o seu nome associado à fraude.

De jornalista premiado quatro vezes ao grande prêmio alemão de jornalismo à fraude, desmascarado por um colega após criar histórias inexistentes e publicá-las como matérias verídicas em uma revista renomada.

Class Relotius escreveu 60 reportagens para a revista e que estão agora sob investigação. O colega que o descobriu, Juan Moreno, enfrentou desconfianças, afinal Class era “de casa”, premiado e, além de tudo, super carismático.

De empreendedor ousado de empresas para o público millenium à fraude, condenado a seis anos de prisão em outubro do ano passado. Ele também enfrenta uma ordem de confisco de 26 milhões de dólares.

Billy McFarland fraudou investidores com a (não)realização do Fyre – o festival que nunca aconteceu, que em vez de uma experiência musical luxuosa na ilha de Bahamas como prometido, ofereceu camas molhadas em tendas precárias para um show que não saiu como nada planejado.

Além do Fyre, já havia um passado semelhante de fraude em sua empresa anterior e, surpreendentemente, após as acusações do Festival, continuou com a prática ao vender quase 100.000 dólares de ingressos falsos para eventos exclusivos.

Visionários, prodígios, premiados, ousados e muito carismáticos. Mas que passaram a ser sinônimos de fraudes – e das grandes.

Sinais de atenção

Pensamento crítico e intuição para avaliar esses casos, sempre.

E, sim, é uma linha tênue:

Exagero ou mentira? Otimismo exagerado ou Irrealidade mal intencionada? Pensar grande ou irresponsabilidade?

Ter a capacidade de mover montanhas, engajar pessoas em torno de uma visão, um pensamento ou uma ideia no papel, é uma grande habilidade de líderes visionários.

E muito foi feito por eles em benefício de outros muitos por saberem usar essa habilidade. E souberam – perdão pelo clichê – como transformar sonhos em realidades.

Entretanto, é sempre importante entender a diferença entre: ter a capacidade de nos fazer acreditar e nos engajar em uma visão e ter a capacidade nos fazer acreditar em seus discursos, mas mentindo sobre números, fatos, tecnologia ou histórias.

Difícil dizer o que é real ou não analisando um perfil online de forma superficial. Às vezes nem mesmo com uma conversa. Pode ser que seja preciso um tempo maior para que possamos observar: Há incoerências em seus discursos? Quais são as suas reais intenções?

Como eu analiso

Se essa pessoa passa o dia todo, todos os dias, te convencendo de sua grandiosidade, pode ser que ele esteja tentando compensar alguma coisa: geralmente a falta de algo substancial.

Se nessa mesma conversa, em vez de uma abordagem direta ou mesmo prática, o discurso é inundado de nomes de pessoas famosas ou “importantes”, eu também paro para refletir. Claro, nomes de pessoas e empresas podem fazer parte da construção da nossa credibilidade e do nosso discurso de venda. Mas se é só disso que se trata uma conversa, aí são outros quinhentos.

E se eu só vejo vendas, vendas, vendas, sem nenhum sinal de entrega de conteúdo relevante ou intenção real de ajudar o público, ela também vai para a minha listinha de “antes de te comprar, vou pensar sobre você mais tarde de novo, amigo”.

Por mais tentadoras as ofertas, a responsabilidade de quem faz com que elas funcionem ou não, e de quem se torna um grande influenciador ou não, é nossa. De quem os consomem diariamente. 

Por isso, que sejamos mais conscientes com a nossa entrega da nossa escassa atenção e, principalmente, para quem a oferecemos. Afinal, na era online, essa é a moeda mais cara. E que com ela, ao menos, possamos construir milionários relevantes e que realmente contribuam para suas comunidades/sociedades.

Sobre Juliana Saldanha

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