Marca Pessoal: Ela nos Liberta ou Nos Aprisiona? Uma Reflexão ao Texto de Ronaldo Lemos

agosto 13, 2018

“(…)no início achamos que somos nós que a criamos. Mas é ela [a marca pessoal] que nos cria. O pior: é ela que nos aprisiona. Sem perceber, os reféns da prática do personal branding começam a restringir e limitar seus gostos, suas experiências e a viver em uma câmera de eco de fazer inveja a qualquer candidato a narciso”

Parte do texto de Ronaldo Lemos que recebi semana passada, de uma antiga cliente e atual colega de trabalho. Ela disse: Queria ouvir uma opinião sua.

E aqui está.

 

Personal Branding: o Conceito Mal Entendido

Como sabem, eu vivi na prática, por conta própria e muita dedicação, a jornada do personal branding. E sou uma grande defensora de todo o raciocínio por trás do conceito por vezes não muito bem entendido, pela complexidade às vezes subestimada (aos que trabalham com o branding, de certa forma entendem do que eu falo aqui).

Assim como a marca de uma empresa não é sinônimo de uma logo, a marca de uma pessoa não se define como a sua imagem.

Ambos são apenas a forma de externalizar ou organizar a infinidade de valor que se encontra dentro de cada organização/indivíduo.

A imagem tem o papel de representar o SER e não de substituí-lo. Caso contrário, estaríamos apenas maquiando ou produtizando alguém, o que NÃO é o caso. Não há a gestão de marca pessoal se não há o SER bem determinado.

 

Empoderamento e Autorresponsabilidade

Personal Branding é pensar em você como marca, no sentido de que você é responsável por determinar a sua própria jornada, é o CEO de si mesmo. Você é (ou deveria ser) o responsável por criar as experiências ao seu redor e para o outro. E o retorno do impacto delas é que determinará a construção da sua reputação e da atração das oportunidades certas.

Enxergar-se como marca é ter CONSCIÊNCIA e entender que você tem o que precisa para alcançar o que deseja. E que você é uma “organização” de certa forma completa e independente. E pode “navegar” e se relacionar com o mundo externo de maneira mais fluida e mais inteligente.

Você entende que não precisa depender do Estado, do chefe, ou da economia para alcançar o que quiser sendo você mesmo…

 

Com Filtros

FIltrar o que é dito ou publicado não é necessariamente se limitar na vida real a ele.

O filtro não surgiu do mundo online.

Desde sempre já o usávamos no mundo real: seja ao nos vestir formalmente para ir trabalho, ao receber alguém em uma casa recém bem arrumada ou ao impressionar alguém que gostamos.

A diferença é que agora o fazemos também online, reflexo da nossa mudança de comportamento na rede.Se antes as mídias sociais eram um lugar restrito, “privado”, usado para desabafar ou para manter meu círculo próximo informado, hoje já não é mais o caso.

Entendemos que no mundo online não há barreiras de alcance e nem mais a separação entre a vida profissional e pessoal.

Um chefe de trabalho não forma sua opinião sobre o colaborador apenas de 9h às 17h dentro do escritório. Ele também está no seu Linkedin ou mesmo no Instagram. E adivinha onde eles muitas vezes tem mais contato? E o que é visto consistentemente por lá provavelmente contribuirá para reforçar muitos aspectos do que acontece presencialmente.

A imagem pode facilitar ou prejudicar o que queremos de fato entregar de valor. Somos julgados, mesmo que inconscientemente, pelas nossas coerências. De comportamento, discursos e mesmo visuais.

A evolução do nosso comportamento nas redes diz que eu não preciso levar comigo toda a minha rede a todos os momentos REAIS que estou vivendo e por isso eu posso FILTRAR o que é exposto. O que não necessariamente nos condiciona ou nos limita a viver mais experiências (provavelmente o contrário, pelos benefícios do aumento da nossa relevância em nosso contexto)

 

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A Responsabilidade Do Reconhecimento
 

Recentemente uma cliente que tem alcançado certa visibilidade nas redes me contou que recebeu o depoimento de alguém dizendo que a admira e que ela tem sido uma inspiração.

Eu então perguntei: e aí, está feliz com esse reconhecimento?

E ela disse: Então, eu sinto mais como se fosse um peso. Não negativo, mas um peso da grande responsabilidade.

E eu concordei, dizendo que era isso mesmo.

Com a visibilidade e o reconhecimento vem grandes responsabilidades. E que bom que está em mãos de quem tem competência, ética e que tem realmente o que compartilhar de bom com essa influência.

A influência é uma buzzword e visto como algo egocêntrico (assim como, erroneamente, o personal branding).Na verdade, marcas tem como foco não a si mesmas, mas o OUTRO. É para ele que prometemos e é ele quem se beneficia da nossa entrega de valor.

Uma marca pessoal relevante tem influência. E influência nada tem a ver com ter presença digital e milhares de seguidores. E sim gerar movimento positivo ao seu redor.

O problema de reforçar que ter influência ou gerir a sua marca pessoal é sinônimo de algo supérfluo ou egocêntrico é o afastamento ou o bloqueio quanto ao tema de gente que FAZ.

E são justamente eles de quem precisamos e que realmente poderiam influenciar de forma positiva e gerar movimento sobre MUITA coisa na sociedade.

Por isso a minha luta em desmistificar o tema e trabalhar com quem tem esse objetivo. Não só os bons comunicadores por natureza deveriam ter esse reconhecimento ou grande influência.

 

Leia também: 5 razões que te impedem hoje de investir na gestão da sua marca pessoal

 

Desapego, Será Mesmo?

“Talvez a melhor marca pessoal seja mesmo o desapego”.

Não existe geração mais desapegada que os millenials. Incentivá-lo ainda mais é um reforço perigoso. A falta de compromisso, de objetivos ou de posicionamento não trarão o retorno que muitos procuram: autonomia, liberdade, reconhecimento, tranquilidade…

A marca é uma promessa. Nós sabemos pelo que podemos contar com ela. E por isso também temos confiança em recomendá-la.

Prometer é ter coragem de gerar expectativas e se desafiar a cumpri-las, consistentemente. E assim construir a sua reputação em torno do que quer e pode oferecer ao outro.

Por que não facilitar a escolha por você e alcançar ainda mais pessoas em torno do que tem a entregar? Por que não fazê-lo de forma consciente e estruturada?

Para aqueles que não sabem aonde estão indo, qualquer caminho serve. Mas talvez esse descompromisso não os leve para onde desejam.

 

Saúde Mental

Devemos levantar questões como a ansiedade gerada pelo consumo das mídias sociais e o impacto delas em nossa saúde mental, como bem trazidos no texto do Ronaldo.

E o risco aumenta para aqueles que não tem uma identidade totalmente formada e por isso mais facilmente influenciáveis (como os jovens) ou para aqueles que a deixaram de lado com o tempo e buscam no externo uma forma de se provar ou se satisfazer em suas buscas constantes pelo sucesso (seja lá qual for).

Investir em gerir a sua marca pessoal, por incrível que pareça, é justamente ir em direção contrária, ao olhar para DENTRO primeiro. É entender que você é ÚNICO, tem a sua própria jornada, no seu ritmo e por isso não deve se comparar a ninguém.

Ser MAIS você e ter MAIS consciência da sua marca é correr MENOS riscos de se perder no mar do conteúdo e comparações online.

 

 

Ser Cada Vez Mais Livre

 

Eu endosso a importância do branding pessoal, pois colhi seus benefícios. Dentre eles o maior: a liberdade de ser e fazer o que eu quiser. E ser reconhecida por um talento e uma paixão (o que gera ainda mais momentum de querer ser e fazer ainda mais).

Liberdade de não ter que seguir o que o meu diploma diz ou o que a economia atual indica. Liberdade de criar as minhas próprias oportunidades.

E para isso é preciso compromisso com o outro. E a adaptação ao que o ambiente online nos dita como regra para também sermos consumidos e termos a nossa mensagem absorvida, em meio a tanto barulho.

A minha conclusão na prática?

A gestão da marca pessoal nos liberta.

A partir do momento em que entendemos que a imagem ou os padrões da sociedade não nos definem.

Sobre Juliana Saldanha

Sou Estrategista em Personal Branding.
Tenho como missão te ajudar a posicionar-se no mercado e comunicar o seu valor de forma relevante e memorável.

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