Não Espere Por Inspiração, Crie um Processo Para Ela

julho 30, 2018

Já teve tempos em que eu aguardei a inspiração vir e me ajudar a escrever um texto ou a desenhar um esquema para implementar ao meu negócio.

Eu tinha a imagem de que era assim que profissionais criativos despertavam as suas habilidades: com um “clique” e pronto. Ali estava uma grande obra.

Eu também já tive a ideia que um blog era um hobby e que a inspiração me ajudaria a mantê-lo ativo.

 

O que eu concluí ao longo do tempo?

Que a inspiração não é consistente e que se eu não estivesse toda segunda às 6 da manhã lidando com essa folha em branco, quase nenhum desses textos (alguns deles com grande repercussão) teria existido. O grande “clique” com a grande ideia não existe. Ou se existe, não acontece toda semana.

A criatividade é como um músculo. Assim como a escrita. Para desenvolvê-la é preciso exercitar. E assim como na atividade física, para exercitar é preciso força de vontade e bloquear um horário para praticá-la. Religiosamente. Mesmo nos dias em que não temos disposição.

Além dos textos no blog, eu criei a minha própria metodologia de atuação em Personal Branding, o framework do meu processo, assim como todos os exercícios que eu entrego durante o meu curso ou consultoria. O segredo? A promessa, mais a caneta e o papel em branco.

 

Aqui, 10 dicas do que eu aprendi durante esses últimos anos:

 

1) O poder da Multidisciplinaridade:

Ter sido um Frankstein no quesito formações e práticas profissionais me proporcionou grande vantagem e mesmo sabedoria para eu ter chegado ao ponto em que eu cheguei. Ter seguido à intuição e ter sido autodidata em muitos momentos também. Isso porque a imposição de fórmulas prontas deu lugar ao improviso e, como consequência, a liberdade de criar.

Um conceito não necessariamente se aplica a apenas uma área. E isso para mim, veio com o despertar de um olhar mais amplo: tive a “sorte” de ter tido a inovação presente na minha carreira por prática “oficial”.

Mas mesmo que esse não seja o seu caso, inovar envolve conectar os pontos, aplicar o que “deveria” pertencer a um lugar, a outro. É pegar o que está guardado em cada “caixinha” e misturá-las. Sem censura.

Paul Samuelson, o pai da economia moderna por exemplo, introduziu diversos temas de seu interesse, como física e ciência, na economia, o que o trouxe grande sucesso. Samuelson afirmava: “Não apenas a Economia é ao mesmo tempo uma arte e uma ciência, mas, como matéria, pode combinar os pontos atraentes tanto de Humanidades como das ciências”. [1]

 

2) Argumente:

A argumentação ainda é vista, em nossa sociedade, como confronto, conflito e possui conotação mais negativa do que positiva. Entretanto, conflitar ideias e diferentes perspectivas é o que enriquece o nosso repertório e nos abre a mente para outras formas de análise de um mesmo fato.

Questionar simples fatos ou desafiar o senso comum, apenas pelo simples fato de poder questionar, pode ser um exercício à criatividade. Por que você acha que funciona assim? Por que será que isso acontece? Podem ser perguntas vindas de observações do dia a dia que se tornam exercícios valiosos para a prática da sua criatividade.

Argumentar faz parte do meu dia a dia. E tenho como companhia na prática quem geralmente se opõe ao que eu digo.

 

3) Seja autoconfiante:

Acredite que você tem o que contribuir e que o outro precisa ter acesso ao que você tem a oferecer.

A autoconfiança e a criatividade estão mais interligados do que imagina.

Deixe o pensamento de que você nunca foi ou será criativo de lado, isso sabotará as suas tentativas de sucesso. E deixe os esteriótipos também. Por mais lógico, matemático, que você seja, é possível ser extremamente criativo.

Um exemplo comprovado?

Psicólogos conduziram uma revisão sobre até que ponto os ganhadores do Prêmio Nobel em Ciências, membros da Royal Society, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos e do público americano em geral relataram participar de atividades ligadas às artes.

Eles descobriram que os membros da Royal Society e da Academia Nacional de Ciências estavam quase duas vezes mais propensos a estarem envolvidos em atividades de artes do que o público em geral. Já cientistas do Prêmio Nobel três vezes mais.

Essas descobertas mostram claramente que a visão estereotipada de que os cientistas e outros pensadores lógicos são menos propensos a serem artísticos ou criativos cai por terra. Como o próprio Einstein observou:

“Os maiores cientistas também são artistas”.[2]

 

4) Não se censure:

Essa é a primeira regra de um processo de brainstorming e não é atoa. Pelo simples fato de que processos criativos não seguirem um processo linear. E trazer à tona o que está em mente, por mais absurdo e não condizente que pareça, é um ótimo aquecimento para que melhores ideias surjam ou mesmo para o amadurecimento daquelas à princípio descartadas.

Deixe o que é absurdo, o que não faz sentido, vir à tona. Não se censure e não tenha vergonha do que aparecer.

 

5) Esteja confortável em não saber, com o silêncio ou com uma página em branco:

Esse é o primeiro passo. Encarar o desconhecido e a possibilidade de não ter respostas.

Para muitos, é assustador. E, por isso, param e não conseguem dar o primeiro passo rumo à criação.

É desconfortável encarar uma página em branco, às 6 da manhã, de uma segunda feira, com a pressão de ter que entregar um conteúdo relevante ao público.

Com a prática, o desconfortável se torna tolerável. E com um tempo, apenas o pontapé inicial da sua rotina.

O começo é, e sempre será, incômodo. Mas a boa notícia é que basta começar para que ele desapareça. Por isso, acostume-se a ele e o veja apenas como o obstáculo inicial para algo maior que está por vir.

 

6) Use papel. Desenhe. Rabisque:

Para mim, ao me desligar um pouco da tela do computador e do celular para lidar com o papel e caneta, eu consigo reconectar comigo mesma. Não há distrações. Não há alternativas a não ser escrever, rabiscar, desenhar o que tiver à mente.

Quando crianças, somos extremamente criativos. E talvez o simples fato de voltarmos a usar papel e caneta, assim como fazíamos quando mais novos, seja o gatilho para que voltemos a criar. Por isso, eu o incentivo a testar essa abordagem.

Eu e meus rabiscos

 

7) Prometa:

Não só para si mesmo, mas para o público. Prometa em voz alta.

Talvez se eu não tivesse prometido muitas das coisas que eu fiz, não as teria feito (ou ao menos levaria muito mais tempo para fazê-las). Assim foram as minhas primeiras vendas, o meu primeiro curso e assim continua sendo todo texto de segunda.

Eu sei que o meu público sabe que toda segunda tem a entrega de um texto novo. E mesmo que não saibam, eu comuniquei. E na minha mente existe a possibilidade que eu esteja decepcionando alguém por não ter cumprido a promessa.

 

8) Consuma, mas não muito:

Precisamos de repertório e de conhecimento para criar, claro. Para isso, é preciso consumir informação, conteúdo e fontes diversas. Eu consumi muito, durante muitos anos. Aprendi com outras pessoas, participei de cursos, li e estudei muito. Sobre diversos temas.

Hoje eu produzo mais do que consumo.

Eu acredito que a criatividade está ligada à intuição e ao poder de observação. E o que é externo, padronizado e tido como verdade, pode atrapalhar tanto em tempo quanto em ter uma perspectiva nova, não viciada.

Se você ainda está aprendendo, foque em aprender. Mas a partir do momento em que estiver pronto para contribuir, foque em produzir mais do que consumir. Foque em você e em colocar para fora o que tem em mente. Criatividade é encontrar a sua forma de dizer algo relevante que gostaria de compartilhar.

 

9) Documente

Ideias, falas, reflexões, links interessantes. Tudo pode ser uma fonte de inspiração. Esse texto, por exemplo, veio de uma nota no celular. De uma frase que li em algum lugar e me inspirou. E hoje ele se tornou esse texto.

 

10) Estabeleça uma rotina:

Não deixe o emocional ou o aleatório comandar essa parte da sua vida.

Crie processos ou hábitos para que você consiga criar o que deseja. Bloqueie tempo na sua agenda. Que seja para lidar frente a frente com um papel em branco. Ou mesmo para pensar. Desafie-se diariamente, por 10 minutos que seja. Ou separe um dia da semana para escrever livremente sobre um tópico que você escolheu. Ou mesmo para desenhar uma informação que você acabou de aprender.

Teste-se. Desafie-se. Mas coloque na agenda, ou a sua outra rotina nunca deixará a criatividade ser prioridade.  

 

Quanto à escrita dos meus textos do blog:

Eu tenho um processo, que já começa no domingo ao optar por não dormir tarde e ao configurar o alarme para às 6h.

Às vezes já tenho um tema escolhido no domingo, às vezes não.

Eu me levanto e já vou direto ao meu notebook, acessar a minha planilha de ideias e anotações.

Passo o olho por tudo que eu já anotei: frases de livros, falas minhas, títulos de artigos de outros autores, ideias de temas.

Escolho um, abro um documento em branco no Drive e escrevo um título provisório.

Acesso o Google e pesquiso, em inglês, tudo referente ao tema.

O que está sendo dito por aí sobre esse assunto?

Abro diversas abas, escaneio o conteúdo que está ali. Absorvo a ideia geral sobre o que está sendo dito sobre o tema, os principais tópicos ou tópicos essenciais, fecho tudo e começo a escrever o que sei. Livremente.

Vez ou outra, utilizo alguma fonte como pesquisa, mas geralmente os meus textos vem da minha vivência, do meu conhecimento e observações de comportamento.

Escrevo livremente (não se censurar ao ter que escolher as palavras certas pode te ajudar a fluir melhor na atividade).

Depois reviso e complemento o que foi feito até então.

Edito. Reescrevo o título. Escolho o gif. Publico. Comunico a publicação.

 

Aí sim eu vou tomar um banho, um café e começar o meu dia. Às 9h.

Esse é o meu ritual de toda segunda.

E sem ele dificilmente eu seria criativa ao escrever esse texto para vocês.

E então, qual o seu processo para a criatividade? Quer compartilhar comigo?

 

Referências:

[1] Paul Samuelson: a Economia como arte e ciência

[2] Exploding the Myth of the Scientific vs Artistic Mind
Sobre Juliana Saldanha

Sou Estrategista em Personal Branding.
Tenho como missão te ajudar a posicionar-se no mercado e comunicar o seu valor de forma relevante e memorável.

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2 comentários

  1. Boa noite, Juliana. Gostei deste artigo e acho que vou ler todos os outros ainda esta semana. Eu tenho que escrever no meu blog também e tava precisando mesmo de alguém que visse isso como algo mais do que um hobby.
    Eu gosto de usar frases de filmes e livros para escrever os meus artigos. Só que a partir de agosto agora, eu vou ter que me inspirar em outra coisa. Como os artigos de mais acessos foram os de tutoriais, preciso me informar das dificuldades que as pessoas têm ao usar o celular ou tablet. Aí eu posto o procedimento para resolver o problema. Já tenho 2 artigos novos no meu esboço, mas vou conseguir muito mais do que isso até quinta-feira.
    Obrigado pelo artigo. Você leva esse assunto realmente a sério. Valeu!

    1. Oi Siael,
      Que bom que o artigo foi útil pra você nesse momento!
      Gostei do seu blog também. Todos aqueles temas são bem úteis pro meu dia a dia.
      E que bom que você está seguindo a demanda do seu público. Você pode ter manter a escrita pelo hobby e também aquela com o foco em servir o outro com o que mais sabe. Uma não exclui a outra.
      Muito sucesso e qualquer coisa me chame!

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