Você Não É O Que Você Faz Hoje: Como Adaptar-se à Mudança?

agosto 20, 2018

Segundo estudo da McKinsey, até 2030, 800 milhões de pessoas serão afetadas pelo ritmo de avanço tecnológico [1]. No meio deste caos nós vemos novas carreiras que não existiam antes. Segundo pesquisa do Bureau of Labor Statistics, uma pessoa terá 15 trabalhos diferentes durante a vida, sendo que 8 deles nem existem ainda [2]

Essa é a abertura de um dos temas que discutiremos no evento TWF – The Workforce Future, organizada por mim e por Eduarda Davidovic no próximo dia 29 em São Paulo.  Coincidentemente (ironicamente falando) essa lógica é similar à forma como eu abro o meu curso e palestras em Personal Branding:

“Foi-se o tempo em que um diploma na mão ou a escolha de uma profissão ou empresa era garantia de estabilidade e sucesso nos objetivos profissionais…”

Talvez uma lógica não tão comum a quem rapidamente pense nos dois temas. Mas o futuro do trabalho e o Personal Branding estão intrinsecamente ligados.

 

Nova realidade, novas formações?

Se antes eu poderia permanecer 10, 20, 30 anos em uma mesma profissão ou carreira, talvez atrás de uma empresa com grande reputação, hoje esse é um cenário cada vez mais improvável de ser encontrado.

E aí, como eu me preparo para essa nova realidade?

A primeira coisa em mente? Atualizações constantes. Cursos, estudos, diplomas…para me manter desejável pelo mercado.

Claro, aprender é e sempre será um grande diferencial e nos deixa mais preparados para o que acontece no mercado (e na vida né). Entretanto, é importante que o número de cursos e diplomas não se torne uma bengala de apoio do valor que esse novo profissional possui, pois a prática pode ser tornar insustentável pela velocidade das mudanças e das informações.

Além disso, ao final essa coletânea de títulos pode se tornar uma miscelânea sem contexto e mesmo uma armadilha. Já que o nome desses selos no currículo (se currículos ainda existirem) não necessariamente trará significado ou contexto nenhum sobre as suas habilidades ou relevância no mercado. E o que é confuso, tende a ser cada vez mais ignorado.

Para esse novo cenário é preciso antes de tudo uma mudança de mentalidade.

 

 

Reposicionamento de Carreira

É um termo que vem se tornando comum. Muitos dos que me procuram na consultoria ou participam dos meus cursos, estão neste momento. E talvez eu, de certa forma, possa ser vista uma “expert” no assunto, de alguém que já se reposicionou duas vezes até o momento. Uma por acaso (ou “sorte”), outra por decisão. Uma por não adaptação à carreira e outra, apesar de “bem sucedida” na função em um mercado ascendente.

O reposicionamento é ainda visto quase como atestado de falha ou incompetência:

“Eu não fui bem sucedido neste ramo, por isso vou precisar procurar outra atividade”

“O mercado não estava bom, então tive que procurar outra coisa”

“Nossa, uma pena. Ele vai ter que largar tudo e começar outra coisa”.

Essas declarações fazem parte da nossa cultura enraizada e é uma imposição invisível que nós deixamos no ar. De que devemos escolher uma profissão e nos sustentar durante os anos seguintes com ela. Além, claro, ao mesmo tempo sendo plenamente feliz e realizado com ela.

Além disso, colocar no que é externo, a falta de reconhecimento ou a crise do mercado, e no que não está em nossas mãos é mais reconfortante.

Entretanto, a falta de reconhecimento, na verdade, é única e exclusivamente nossa responsabilidade. Somos nós que criamos, ou não, oportunidades e demanda para o que temos a oferecer. E talvez nós nos sabotamos ou não saibamos de que forma tornar o que possuímos desejável. Ou, ainda, falhamos em encontrar ou enxergar de uma perspectiva diferente quem precisa mais de nossas competências (e não de nossos títulos).

Leia também: Você Não É O Seu CV

 

 

Recomeços

Estes serão cada vez mais comum. Se os altos e baixos frequentes, imprevisibilidade, inconstância era “privilégio” da vida comum do empreendedor, o futuro que nos aguarda nos diz que eles farão parte da vida de todos nós, independente de que cargo ou posição que ocupamos.

E se essas mudanças serão tão comum, será que precisamos sofrer a cada nova transição? Enfrentar os olhares de pena e falar sobre o tema de cabeça baixa e um tom de voz tímido? Será que precisamos colocar o que fizemos até o momento com o status de uma “vida passada e que deve ser esquecida”?

E mesmo, será que recomeços são falhas de adaptação ou de identificação de oportunidades? Ou mesmo de falta de foco e indecisão?

Ou será que, em vez disso, recomeços não estariam ligados à identificação de novas e melhores oportunidades com o que já temos em mãos?

 

A sua marca pessoal transcende

O Personal Branding, gestão de marca pessoal, surge com a lógica de que você não é o que você faz hoje. Até porque esse status é cada vez mais breve.

Ele surge com a ideia de que independente do seu status, posição ou idade, você possui uma reputação (e pode reforçá-la) e, com ela, tem o poder de criar e gerir sua própria jornada para atingir a sua visão.

Se você entende a sua marca pessoal transcende o que você faz, você consegue se adaptar e navegar por esse cenário com muito mais estratégia e leveza. Sem sofrer com as mudanças de cenários e recomeços.

Pois entende que as atividades ou cargos são, na verdade, o veículo da sua entrega de valor ou os “produtos” da empresa chamada Você e não a definição da sua importância. E se eles deixam de existir, você não deixa de ter ou entregar o seu valor. É preciso apenas adaptar o canal de distribuição.

Com essa lógica, em vez de se fixar em títulos, cargos e profissões que serão sempre mutáveis, cada vez mais, você entende o seu valor e a sua reputação de maneira macro e consegue aplicá-los em contextos diferentes. Você navega com mais estratégia, com mais consciência de direção e novas formas de como alcançar a sua visão.

 

 

Somos apenas um

E não uma versão diferente a cada atuação. Hoje eu sou Diretor disso. Amanhã sou empreendedor. E depois eu sou político.

Entender qual a sua marca pessoal é trazer unidade e sentido para o que é externo e mutável.

Não há mais separação do que fazemos em casa ou não trabalho. A tecnologia encurtou essa distância. E por isso diferentes facetas não fazem sentido. Somos apenas um, em busca de cumprir nossos objetivos. E a partir do momento em que temos acesso ao outro 24h todos os dias, essa unidade é cada vez mais essencial para a sua credibilidade profissional.

Unidade traz consistência e familiaridade, o que gera tranquilidade de que você é coerente e eu posso então depositar a minha confiança em você.

E trazer sentido para o público que queremos atrair é importante, pois assim absorvemos e fixamos melhor as informações, o que facilita com que a repliquemos a mais pessoas, atraindo mais oportunidades pra você: ou seja, eu sei exatamente pelo que posso te procurar.

 

Por que você?

Em suma, Personal Branding é responder consciente e confiantemente a pergunta “por que você?”

Sua marca pessoal é estrategicamente o que faz você, você.

E que você consiga então respondê-la sem tantas bengalas sociais e, sim, pela mistura única da sua história, conquistas, entregas, forma de se relacionar, missão, habilidades e conhecimento.

O dia em que percebi que consegui esse feito foi quando eu ouvi: eu nem sei sua formação ou os seus diplomas nessa área, mas eu sei sem dúvida nenhuma que você é a escolha certa para o que eu preciso.

E eu desejo que você também consiga o mesmo. Pois é libertador se apoiar no que é mais sólido: você mesmo.

 

 

Fonte: 

Estadão - Automação pode tirar trabalho de até 800 milhões [1]

BLS - Employee Tenure in 2016 [2]
Sobre Juliana Saldanha

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Tenho como missão te ajudar a posicionar-se no mercado e comunicar o seu valor de forma relevante e memorável.

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