Influenciadores Irreais: Por que Eles Fazem Sucesso?

novembro 12, 2018

O que torna uma celebridade ou um influenciador digital atrativo em redes como o Instagram?

Como o Instagram é uma rede visual, podemos dizer que grande parte da atratividade está ligada à imagem: fotos bem editadas e profissionais, a representação do estilo de vida desejável e/ou invejável, o feed harmônico e bem organizado ou posts com looks do dia e as últimas tendências da moda.

O sucesso da rede social é construído com base no conteúdo inspiracional e, principalmente, no aspiracional. Ou seja, um conteúdo que reflete a nossa ambição. Consumimos aquilo que nos representa ou pode nos tornar a melhor versão de nós mesmos.

Com a projeção das marcas pessoais e o alcance de visibilidade e influência em torno de quem elas são (ou de quem elas se mostram ser no meio online), marcas de organizações entenderam que a parceria com indivíduos poderia ser valorizada e trazer benefícios a ambas as partes.

Afinal, pessoas confiam em pessoas. E se alguém em quem confio, me identifico, ou ao menos tenho familiaridade, me recomenda um produto ou um serviço, eu tenho a tendência a considerá-lo como relevante para o meu consumo também.

Bom, esse é a base do tão falado marketing de influência. E até aqui, não trago nenhuma novidade.

 

Mas o que acontece se o influenciador não for uma pessoa real?

Será que algo muda na nossa relação de confiança?

Um robô ou uma avatar pode ser considerado autêntico? E podemos dizer que ele tem uma marca pessoal, assim como nós temos?

Miquela Sousa é uma modelo brasileira-americana de 19 anos. Seu instagram @lilmiquela possui 1.5M seguidores e ela é vestida por marcas como Chanel e Prada. Miquela já saiu em revistas como Vogue e até possui músicas lançadas no Spotify.

Ela poderia ser mais uma das centenas de modelos que também se tornaram influenciadoras na rede, mas o que a diferencia – e a torna ainda mais atrativa aos nossos olhos – é o fato de que Miquela não existe. Ela é uma personalidade virtual criada em 3D.

O que poderia ser um problema para as empresas (como trabalhar com alguém que não pode comparecer aos meus eventos?), se tornou uma tendência, ao menos para as marcas de moda e beleza.

 

Qual a vantagem para as empresas?

Para o time de marketing das empresas, os influenciadores virtuais podem se tornar os parceiros ideais. Essa interação pode ser menos arriscada do que fazer parceria com uma pessoa real, já que há mais controle sobre a sua imagem. Problemas como álcool, palavrões ou histórico criminal estão fora de questão.

As marcas podem ainda experimentar seus produtos em diferentes ângulos ou cenários, projetados perfeitamente pela equipe de design da modelo 3D.

Essa é também uma grande oportunidade das empresas mostrarem que são criativas e estão na vanguarda da tecnologia.

Fonte: Instagram Lilmiquela

Além disso, influenciadores como Miquela proporcionam o alcance a uma nova geração – que por sinal forma parte significativa dos seus seguidores – a mais recente chegada ao mercado, a geração Z. Essa geração é formada dos nativos mobile e valorizam transações honestas, marcas transparentes, vozes autênticas e experiências únicas.

 

Relações transparentes e autênticas

Para nós consumidores, a distinção entre real e virtual será cada vez mais cinzenta. A evolução dos robôs, do AR e do IA acontece a largos passos.

De toda forma, é preciso sempre estar atento à ética. E no caso do marketing de influência, à regulação do que é publicidade ou não.

No caso de Miquela, essa é uma discussão que foi levantada por várias mídias: não há distinção do que são posts patrocinados e dos que não são.

A confiança, base fundamental sobre a qual hoje apoiamos o nosso modo de consumo, é então questionável. E pode ser abalada.

A autenticidade também é outro ponto de discussão. No que se refere à nossa exigência com relação a marcas, seja de pessoas ou de empresas, exigimos que sejam autênticas. Ou não serão dignas da minha atenção.

Nesse caso, difícil dizer que Miquela não é autêntica. Não só é uma modelo, mas também uma artista na música. Posa com as suas sardas, seu estilo streetwear e seus óculos de sol cool. Deixa claro os seus gostos por leituras, selfies e viagens. Queixa-se das suas alergias e de um dia quente de 39 graus. Vive um dia a dia badalado, registrado com fotos ao lado de outros influenciadores do Instagram, comparece a eventos como Coachella e apóia ativamente causas como Black Lives Matter e direitos dos transgêneros.

Miquela pode ser considerada autêntica, no significado mais literal da palavra, já que é uma criação legítima, legal e com autoria atestada. Mesmo que não seja por ela mesma, mas pela empresa a gerou: a Brud, um estúdio transmídia que cria histórias dirigidas por personagens digitais.

E, por fim, podemos até nos questionarmos: ao analisarmos outras celebridades digitais, o quanto vemos na rede é realmente autêntico?

Ou será que essa cena abaixo está de alguma forma mais próxima à nossa realidade?

Fonte: The Independent

Podemos dizer que a Miquela possui uma marca pessoal forte?

Tecnicamente não, pelo fato de Miquela não ser real e ter a sua identidade controlada por uma empresa. Mas ela possui sim uma marca, assim como um produto de uma empresa também a possui. Ainda, pelo simples fato de existirmos, possuímos uma reputação a ser gerida, mesmo que no caso dela seja “apenas” a reputação online.

Ao interagirmos com Miquela nas redes conseguimos captar sua personalidade, seus gostos, interesses e mesmo as suas causas. Ou seja, ela possui um posicionamento claro sobre quem é e como quer ser lembrada pelo público. A sua comunicação e a sua imagem engajam o público e, mesmo ela não sendo real, Miquela é capaz de interagir e criar conexões tão fortes a ponto de ter a sua própria comunidade de fãs, legítimos e humanos.

Se Miquela é uma marca de sucesso? Essa é sempre uma pergunta subjetiva. Se sucesso para Miquela quer dizer atrair visibilidade para a sua empresa criadora, podemos dizer que, se ainda ela não teve sucesso, provavelmente está na direção certa – e, ainda, à frente do tempo lançando tendência. 

 

Sobre Juliana Saldanha

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